Afonso Camboim
"Fettes
tamen atentigis pri la neglekto, samtempe en formulado de la Celoj kaj en
internacia evoluiga agado ĝenerale, de 'la pli vasta signifo de multlingveco
por daŭripova evoluigo, kaj la grandegaj obstakloj al edukado kaj komunikado
kaŭzitaj de lingvaj diferencoj kaj lingva diskriminacio.' Li insistis, ke plej
granda defio estos konservi lingvan diversecon kaj samtempe plibonigi dialogon,
precipe inter la subprematoj kaj tiuj kiuj restas nereprezentataj."
(El, Informilo de la UN-oficejo de
Universala Esperanto-Asocio -
Numero 19-a, Novembro 2015)
Numero 19-a, Novembro 2015)
Defender uma Internacia Lingvo (nos moldes em que propôs Zamenhof) tem-se mostrado um discurso cada vez
mais pálido, inclusive entre os esperantistas. A ideia de que todos os povos
sejam convidados a aprender uma língua não materna, ou não étnica, a fim de
que, assim, a humanidade venha a dispor de um código linguístico utilizável em
qualquer parte do planeta, praticamente não tem mais defensores, e muitos dos
que talvez a defendam intimamente, só o conseguem fazer às claras mediante
alguns artifícios retóricos.
O que significaria (senão um artifício retórico) o
fato de o Movimento Esperantista estar-se transformando mais e mais em um
"movimento em defesa do multilinguismo"? É certo que tentar proteger
as línguas minoritárias (muitas em risco de extinção), denunciar o preconceito
e a discriminação de que são vítimas os falantes dessas línguas (bem como a
desigualdade com que são tratados no cenário internacional), etc., são gestos
dos mais dignos a qualquer cidadão ou organização social portadora de um mínimo
senso de justiça. Mas começar a focar o Movimento Esperantista nessa tarefa
(com inúmeros pronunciamentos das lideranças nesse sentido) é no mínimo
um desvio de meta, ou uma estratégia equivocada - salvo se alguém comprovar que
lutar pela preservação das línguas minoritárias significa exatamente lutar pela
implantação do Esperanto.
Acho que a proposta de Zamenhof dispensa uma defesa enviesada. Em face
da premência de uma língua internacional de fato, inclusive para permitir o
efetivo uso do potencial de comunicação presente em recursos tecnológicos como
o smartphone e a internet (por
exemplo), até mesmo a implantação mundial de uma língua étnica (se isso fosse
possível) seria aceitável, porque mais proveitosa para a humanidade do que a
atual Babel - até mesmo o inglês, se isso fosse um consenso!
No que diz respeito à comunicação verbal, o problema da humanidade é não
dispor de um código linguístico válido mundialmente (seja ele qual for). O
Esperanto (por todos os motivos que os esperantistas bem os conhecem) é apenas
o melhor e mais adequado código disponível até o momento. Trata-se, no entanto,
de um inestimável recurso subutizado - e, a rigor, seria "somente" isso
que os esperantistas precisariam demonstrar (porém, para as pessoas certas).
Para acessar essas instâncias (aí é que entraria a tal advocacy), as instituições
esperantistas, sobretudo elas, precisariam querer, priorizar e enfocar esse tema,
bem como criar projetos nesse campo. Haveria atualmente disposição para isso,
em meio a tantas ações e diretrizes que
já se tornaram inarredável tradição no Movimento?