Por Afonso Camboim
- consultor técnico-legislativo da CLDF, diretor da Câmara Brasileira da Língua
Internacional Esperanto - CBLIE
Lançada como projeto de língua internacional
pelo médico polonês L. L. Zamenhof, em 1887, o Esperanto é hoje uma língua viva
utilizada em mais de 100 países. A comunidade internacional esperantista
organiza-se por meio de milhares de entidades, que têm como referência maior a
Associação Universal de Esperanto – UEA (órgão que mantém relações oficiais
consultivas com a Unesco desde 1954), com sede em Rotterdam.
Os países de um modo geral têm diversas
entidades locais e pelo menos uma nacional (a exemplo da Liga Brasileira de
Esperanto - BEL), as quais promovem o ensino, o uso e a divulgação da
língua.
Com o surgimento da internet, o significativo
crescimento e a integração do movimento levam as lideranças esperantistas do
mundo inteiro a trabalharem pela inserção do Esperanto nos sistemas oficiais de
ensino, conforme recomendam expressamente duas Resoluções da Unesco (1954 e
1985).
No Brasil, essa linha de ação tem apoiado
massivamente o Projeto de Lei 6.162/09, do senador Cristovam Buarque, que insere
o Esperanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, garantindo-lhe o
mesmo status curricular que a Lei atribui às línguas estrangeiras. Além disso, a
BEL encaminhou uma Carta Aberta à Presidência da República, a qual apresenta um
projeto preliminar e conclama o governo brasileiro a ousar um pioneirismo na
promoção da comunicação verbal direta com reciprocidade e isonomia – que é o que
o Esperanto faculta no cenário mundial. A mesma carta, com ilustrativos anexos,
dirige-se especificamente à Presidenta Dilma e aos ministros da Secretaria-Geral
da Presidência, da Educação e do Ministério das Relações Exteriores, e chegou a
ser entregue diretamente ao Ministro Gilberto Carvalho, em junho/13, por
intermédio do Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado
Wasny de Roure.
O assunto, portanto, começa a ser tratado nas
esferas governamentais do Brasil e de diversos países, e é possível que em breve
todos os cidadãos do planeta possam começar a dispor de um privilégio do qual só
os esperantistas hoje podem usufruir: o de aprender apenas mais uma língua, para
poder falar diretamente com falantes nativos de centenas de línguas. Esse
“bilinguismo suficiente” é o que o Esperanto coloca à disposição da humanidade.
Dispensando o poliglotismo ou traduções, os esperantistas realizam anualmente
centenas de eventos internacionais, às vezes com milhares de participantes de
50/60 países (como é o caso do congresso mundial de esperanto que ocorre em
algum país a cada ano), utilizando apenas uma língua-ponte. Nada parecido ocorre
em outros eventos internacionais, onde inumeráveis traduções (e quiproquós) são
a regra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário